quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ateliê de Artes Cerro da Bela Vista


Troncos Missioneiros em bico de pena
Coleção TRONCOS MISSIONEIROS – Obras confeccionadas em bico de pena por Marquito Moraes, no Ateliê de Artes Cerro da Bela Vista. Obras doadas pelo autor, ao Acervo Cultural Noel Guarany, localizado na Prefeitura Municipal de Bossoroca-RS.
Noel Guarany é um coxilhão de terra vermelha, com o pala representando os campos da Bossoroca. No peito esta a Cruz Missioneira, ao lado do coração, a barroca onde nasce o manancial e o potro sem dono, livre como o Pajador. 
Jayme Caetano Braun é um cerro de pedra nos campos finos da Timbaúva, rodeado de capões de mato e sangas com águas cristalinas. Do lenço em forma de barroca, nasce o manancial e ao longe um piquete de cavalarianos vem homenagear. No horizonte, a cruz missioneira caindo no poente, para um novo amanhecer. 
Cenair Maicá é um índio ligado ao mato e rio. O lenço preto no pescoço é uma identidade contestadora, de quem não é chimango e nem maragato. Há um sentimento de luto pela condição social a que foram submetidos os povos indígenas.
Noel Guarany flutua sobre as águas do rio Uruguay, o cenário de sua inspiração, um caique pescador, vendo-se um rancho costeiro, como o prenúncio para um baile. A arte de Noel é sempre viva e anda por si só, como água de um rio, desconhecendo fronteiras. 
Jayme Caetano Braun no fim da vida, o pajador velho, com a formação do Rio Grande do Sul, a primeira propriedade rural, um cercado de pedras em volta do rancho de capim e curral para o gado. Homens domam potros em frente à morada, um piquete de cavalarianos galopa a seu encontro, para levar o pajador para um novo tempo em outra vida. No alto, ao por de sol, o corvo, apelido dado ao pajador, que gostava de vestir-se de preto. 
Cenair Maicá no fim da vida, já doente, seus olhos tem um brilho intenso, como de quem está vendo longe, talvez a terra sem mal dos guaranis.
Noel Guarany na visão de José Luiz Cunha Pacheco (Zizi), captado por este artista: “Noel de semblante simpático - não manso como um Buda - sábio, contestador, sua guitarra em posição de uma arma, o dedo no gatilho, sempre pronto a cuspir acordes bravios, para impor a nova ordem, a verdadeira arte missioneira”.
Pedro Ortaça – Nas Missões, seu símbolo é a Cruz Missioneira. Entoando, um galo missioneiro, defensor dos índios Mbyá Guarani, seu canto traz a magia do pampa e a essência dos ranchos de pau a pique, dos fandangos costeiros, das estâncias e das ramadas.
Noel Guarany guitarreando ao pé do fogo, num rancho de capim, no Rincão dos Fabrício, berço de seus ancestrais. A porta aberta e ao longe se vê o potro sem dono, pastando livre, com um sol encoberto por uma nuvem espessa sobre a pampa, como quem dá longevidade à arte do cantor e guitarreiro, que sempre bendizia o torrão amado, Bossoroca, a Buena Terra Missioneira..